sábado, 5 de julho de 2008

Episódios Matinais


Todas as manhãs se tornaram bastante normais e repetitivas. Acordo estremunhada e sem vontade de sair da cama. Meia cambaleante dirijo-me à cozinha onde já deixei o copo de leite preparado dentro do micro-ondas para não perder tempo de manhã e ponho a aquecer. Depois é só enfiar-me dentro da roupa, lavar os dentinhos e sair a correr porque normalmente já estou atrasada! Acontece que um dia destes levantei-me mais cedo, tomei o pequeno-almoço sentada na sala a ler o jornal como gente grande e saí a tempo, quinze minutos antes!! Orgulhosa e contente com tal feito, saí de casa, pus os phones enquanto descia as escadas e abri a porta do prédio, apenas para dar de caras com uma fila gigantesca de gente a apitar e a resmungar com um senhor bastante idoso dentro do seu Sr. Alfa Romeo 600 super (ou pelo menos foi isso que eu percebi quando me disse o modelo do carro enquanto ligava para o autoclube)!! A única certeza que tenho é que era lindo, vermelho, estofos novos, a reluzir com a luz do sol, era um carro brilhante, que respirava um ar de uma outra década e, infelizmente, com um prazo de validade ultrapassado já há muitas décadas... Enquanto me dava conta de tudo isto, apercebi-me também de que ninguém saía do carro para o ajudar, limitavam-se a apitar e a esbracejar dentro do carro. Até que uma senhora mito bem arranjada, dentro do seu belo fato engomadinho e nuns saltos altos bem afiados, abriu a porta e me disse: "Pode-me ajudar menina? É que parece que já não se fazem homens como antigamente!" 
Ao que aqui a menina respondeu com uma ajuda imediata, plenamente estupefacta com esta resposta. Realmente, de tanto homem naquela fila, ninguém se voluntariou, desde o senhor no mercedes até ao rapaz do fiat, ninguém se mexeu, nem mesmo quando começámos a empurrar a dita antiguidade! É caso para dizer: a tradição já não é mesmo que era!...

domingo, 29 de junho de 2008

Línguas que fazem pensar

Eduardo Prado Coelho - in Público

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem comoCavaco, Durão e Guterres.
Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.
Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.

O problema está em nós.
Nós como povo Nós como matéria prima de um país.
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.

Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escolados filhos ....e para eles mesmos.

Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagarmenos impostos.

- Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
- Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram
lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os
esgotos.
- Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens
dizem que é muito chato ter que ler) e não há consciência nem memória
política, histórica nem económica.
- Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.

- Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
- Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
- Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
- Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de
Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.
- Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.

Não. Não. Não.
Já basta.

Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.
Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS.
Nascidos aqui, não noutra parte...
Fico triste.
Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.
E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.

Qual é a alternativa?

Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?
Aqui faz falta outra coisa.
E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados!
É muito bom ser português.
Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.

Nós temos que mudar.
Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos.

Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e,
francamente, tolerantes com o fracasso.
É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem,francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir)
que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.

AÍ ESTÁ.
NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.

E você, o que pensa?.... MEDITE!


sábado, 7 de junho de 2008

A ironia da língua

Em Portugal temos uma classe de trabalhadores muito interessante chamado o "estagiário que, apesar de tudo, ganha muito conhecimento!" Ora, isto significa, para aqueles que não conhecem a expressão, o estagiário que vai para uma empresa trabalhar de graça, à borlix, grátis, sem ganhar népia, ser explorado valentemente e sem se poder queixar, pois no final ainda estará sujeito à avaliação dessas pessoas que, no final de contas, estão a ceder muito gentilmente os seus conhecimentos a estes seres relativamente inferiores!
Não sei se por esta altura já estão a compreender a minha indignação, mas a verdade é que isto é, de facto, uma palhaçada.
Esta classe de pessoas que representamos, nós, os estagiários, estes seres humildes que por aqui andamos, sujeita-se a estas coisas porque realmente não tem outra hipótese senão começar por aqui para tentar iniciar a compreender o mundo do trabalho onde é suposto começar a trabalhar dentro de uns meses. Para quem não sabe, nós, agora falando na qualidade de licenciados, somos enfiados durante anos numas aulas estranhas, em que muitos não sabemos o que andamos a aprender, umas aulas sem sentido, de copy paste dos slides, aulas em que os próprios professores não querem estar e esperam que saiamos perfeitamente adaptados ao mundo emprearial e que percebamos toda a dinâmica da empresa onde também é suposto arranjarmos emprego um mês depois. Contudo, a realidade que se nos apresenta é uma completamente diferente e bastante assustadora, em que tudo é complicado, tudo é difícil, tudo é mais estranho, uma vez que nunca vimos o interior de um escritório. Por isso, lá vamos nós, lançados nesta odisseia de escrever cv's, cartas de apresentação, imaginar e conceber numa carta tudo aquilo que gostaríamos de fazer como profissionais, fresquinhos, cheios de ideias e acabados de sair da faculdade. E ficamos à espera que nos chamem. Até que recebemos a chamada (ou o email) e nos chamam: "Queremos que venha estagiar connosco!" E é a felicidade, o alívio, o sentido de que ultrapassamos uma etapa!
Chegados então à primeira semana, começamos a ver que nem tudo são rosas e que não vamos para ali estagiar, vamos trabalhar. E aí apercebemo-os desta nova posição social do país: somos estagiários! Somos explorados, trabalhamos temos o dever de trabalhar como mais um funcionário e naquele dia em que nos dizem "É que o facto de poder estar aqui a trabalhar é representa uma oportunidade única, uma experiência, está aqui a ganhar conhecimento. É (clarooo!!) uma sorte!" É nesse dia que a verdade se revela e que começamos a reflectir...e foi aí que me lembrei..." ai a minha alegre ceifeira"...
É neste país extremamente civilizado, em que nem os nosso pais, que cresceram em plena ditadura, alguma vez trabalharam "à experiência e de graça", onde nos impingem estas coisas, e nós, alegres ignorantes, papamo-las!!
só um pensamento.....

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Feeling a bit tragic


We turn on the TV and there's sadness everywhere.
The House of Horrors in Austria.
Babies found frozen in the mother's freezer in Germany.
Tibet is on the brink of civil war.
And the Chinese keep on smiling.

Every morning I get out of the door and there they are, both blind and crippled and asking for money. Not asking, screaming for a quarter, reaching their hands to touch us.

It is not a pretty sight. But then again, I for one, still have one...

Everyone runs to get there on time. Although I can't quite precise where that "there" is. Everyone's waiting for the signal to turn green, and the others waiting for the bus to come. Everyone is waiting and running, and stressing, and honking their hornes to get ahead.


Did I mention I don't like that kind of noise?


It's dark here. Still don't know if I like it here.

Tired of waiting....

terça-feira, 29 de abril de 2008

Na Invicta


Estão a ver a rotunda, pois apresento-vos o meu caminho de todos os dias, ora atravessando com toda a pressa, ora com toda a calma do mundo, regressada de mais um dia de estágio. Ora tenho tempo para observar cada pormenor fantástico desse monumento, a ver o sol brilhar por entre os ramos de todas aquelas árvores, ora com a maior pressa, a rezar que esteja verde para passar sem parar quando chegar ao outro lado!
E este monumento de que falo, e de que até hoje não sabia o que era, é o monumento de homenagem aos heróis da Guerra Peninsular. A obra demorou 42 anos a ser finalizada, de 1909 a 1951, tendo contado com a participação do arquitecto Marques da Silva e dos escultores Alves de Sousa, Henrique Moreira e Sousa Caldas. E foi preciso passar lá ao lado, de frente, vendo cada dia todos os diferentes ângulos para finalmente ficar tentada a descobrir o que era. Fiquei surpreendida com o pormenor da escultura, com a expressão latente de sofrimento, com tal grandeza, mesmo aqui ao lado, testemunho das nossas artes que tantas vezes vamos procurar lá fora. Uma vez que fomos invadidos três vezes pelas tropas napoleónicas, e que das três, o Porto foi sempre atacado, é de recordar o esforço destes heróis esquecidos.
"Nessa época angustiosa, a guerra chegou ao Porto e o povo portuense, sacrificado de início, lutou com brio, até alcançar a vitória sobre o inimigo invasor. É esse sacrifício e essa vitória que o monumento nos transmite. O sacrifício, mostra-o as esculturas alusivas à tragédia da PONTE DAS BARCAS em que uma mãe chorosa, prestes a ser engolida pelas águas do rio, leva ao colo, um filho de olhar aterrorizado. O esforço da movimentação da artilharia, a participação dos populares na luta, e a valentia com que se bateram as nossas tropas , irradiam das figuras dos lados e da frente do monumento.
O elemento feminino sobressai desse conjunto: é a mulher que se afoga, é aquela outra que se esforça a puxar o canhão, é a valentia que empunha a bandeira e vai em frente para a luta.
No cimo da coluna, aparece a vitória do Patriotismo português, sobre a Águia do Império Napoleónico. Este monumento, com estatuária de bronze, foi construído com muita lentidão. Erguido o pedestal de pedra, levou muitos anos a compor o monumento."

E pronto, aqui fica uma informaçãozeca, so para não dizer que não dou notícias:)

até breve...

terça-feira, 25 de março de 2008

Linguagem musical que encanta

Tenho orgulho em poder dizer-vos que viajei no passado dia 19 de Março, até Lisboa, ao Pavilhão Atlântico, para assistir ao concerto da fantástica ALICIA KEYSSSS!!!!!!!(prenda de anos da minha mana, thanks!)
Não há muito que se possa dizer do que já não se sabe dela, uma vez que não há discórdia quanto ao mérito que tem. Mas poder vê-la ao vivo e a cores, é toda uma experiência que todos deveriam poder partilhar. É uma artista capaz de iluminar o palco apenas com a sua presença, e de encher o coração dos milhares de pessoas para quem actua simplesmente pelo poder e energia positiva com que canta. É impossível não estar ali e sentir um verdadeiro momento de felicidade, ela não o permite! A força com que canta, e a felicidade que consegue passar para o público é contagiante, faz-nos capaz de sentir aquilo que sente quando canta. É simplesmente inagualável:)
Cantou duas horas, quase seguidas, passando facilmente duma balada comovente para a música mais animada, sem, no entanto, quebrar a magia e "fluidez" do concerto.Uma voz que supera o som do CD, o tom certo, o ritmo perfeito e o sentimento que faz arrepiar, algo verdadeiramente difícil de encontrar num artista. Quanto a mim, provou o seu valor, e proporcionou-me um dos momentos mais mágicos da minha vida. Aliás, saí de lá com a certeza de que toda a gente deveria ir a um concerto de vez em quando, faz bem, faz vibrar, faz sentir! Milhares de pessoas, ou centenas, ou dezenas, seja qual for o número, é dos poucos momentos em que o ser humano se junta num sentimento comum. E é muito agradável de ver, apreciar, assistir a tal espectáculo.
Em suma, valeu a pena!!!!
Deixo-vos com a minha favorita, que como não podia deixa de ser, é uma das dela, a qual costuma deixar para o fim, como foi o caso do nosso concerto. Um final em grande...

sexta-feira, 14 de março de 2008

Loucura


Eu sei que tenho problemas, toda a gente tem problemas, todos nós andamos sempre com um peso às costas, "cada qual com a sua cruz", já dizia a minha avó! Contudo, eu creio concentrar em mim diversas e variadas "loucuras", ou pelo menos, como eu gosto de lhes chamar, pequenas paranóias ou "pancas" se formos mais informais. Não, não penso estar já naquele estado avançado de puro delírio e em estado de perigo para mim mesma ou para os outros, mas sinto que estou naquele estado em que aprecio a minha própria loucura, em que dou valor às minhas pancas, em que me sinto uma pessoa mais feliz por poder cultivá-las sem pensar no que outros poderãopensar. Sou meia maluca e gosto de ser maluca! Vêem, até me soube bem escrevê-lo, e admito, disse-o em voz alta!

Claro que isto lá no 124 ou no seio de amizades tão, tão... particulares como as minhas queridas amigas e familiares e namorado, não são nada, mas ainda assim, é bom pder partilhar tal confidencialidade na webbb! Adoro cantar, ainda que pareça uma cana rachada quando o faço, ou seja, gosto de gritar e fingir que canto ópera! Adoro dançar no carro e chateá-lo quando o faço. Adoro fazer caretas ao espelho. E muitas outras que ainda não sinto à vontade para partilhar... Por isso, há já uns dias que ando a matutar num vício meu. Normalmente gosto de pegar em livros e abri-los ao acaso para ver se gosto de alguma passagem que depois possa adicionar ao meu livrito, o qual penso um dia poder gravar num quadro. Mas até lá, confesso que me rendi às tecnologias, e costumo apontar no meu tmv, visto que quando vou a sítos com livros, gosto de ir sem carteira para não me sentir tentada. Sim, sim, já sei que também não ia ter muito para gastar, mas ainda assim, gosto de ter algum para lanchar!

Portanto, esta é a citação que me anda a moer o juízo há já alguns dias:


"Para tornar a realidade suportável, tods temos de cultivar em nós pequenas loucuras." por Marcel Proust. Ora, para quem gosta de citações, podem visitar ali


Mas para quem gosta ainda mais do tema da loucura, aqui ficam algumas noções deste "estado" ou "condição", pode ser que alguns se revejam nelas!


"A loucura ou insânia é tradicionalmente um certo comportamento que adentra uma zona de perigo, uma região em que o indivíduo arrisca a si mesmo e aos outros. Esta "região" está geralmente ligada a tabus sociais, como o da autoridade paterna, por exemplo. (...) Segundo a psicologia é uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados "anormais" pela sociedade. É resultado de doença mental, quando não é classificada como a própria doença. A verdadeira constatação da insanidade mental de um indivíduo só pode ser feita por especialistas em psicopatologia." in wikipedia (bem, ainda bem que tenho várias amigas nessa área...se bem que, lembram-se daquilo das amizades particulares?hehehehe crazyyyyy)


"A Inquisição reconhecia a loucura como uma doença que afetava diretamente os “miolos”, os inquisidores não afirmavam que se tratava exclusivamente de heresia. Este parecer não diferia muito do conceito popular com respeito aos doidos, nem tão pouco dos médicos que nesta época praticamente desconheciam doenças mentais."


"Observamos, desta forma, que os autores da década de 1830 e 1840 possuíam uma definição de loucura muito semelhante à de Pinel, que postulou que na loucura a razão havia perdido seu rumo." in here
E então, did you lose your mind around here?:)

Dando à língua por outras paragens


Chegados ao fim duma etapa tão importante, é difícil não ficar a pensar aonde é que esta vida, que nos uniu nos últimos quatro anos, que nos forçou a uma convivência constante e nos transformou, nos levará a partir de agora. O caminho é incerto, mas espero que alguns de nós se mantenham visíveis por entre a folhagem. Não vos quero perder no escuro. Não quero que nenhum se quebre, mas admito que muitos não verei, nem terei pena de não ver pelo meu trilho. Contudo, e porque uma rapariga não é de ferro, há aqueles poucos, a quem antes via tantos dias, com que ia tomar café, lanchar, com que me sentava naquelas cadeiras à espera de ver passar as horas, com quem sonhava sobre o que seríamos quando já não estivéssemos aqui, aqueles poucos de quem agora sinto falta. Por isso agora vos dou muito mais valor, aprecio mais os vossos defeitos e admiro as vossas virtudes, e por isso também quando vejo esta fotografia, penso em vocês, e em como partilhamos este momento, agora, esta era, este espaço no tempo em que tudo muda para nós, e espero que tenhamos crescido em conjunto, e espero que nenhum dos vossos ramos se quebre. Que a luz consiga sempre chegar até às vossas folhas, mas que haja sempre sombra para vos dar ânimo. Que as vossas raízes se fixem ainda mais fundo, sempre rodeadas daqueles de quem mais necessitam.

Olho para esta fotografia e penso em vocês, e vejo-vos, a cada um, a escolher um trilho, e a torná-lo no vosso próprio caminho. E tudo o que posso pedir é que cada um de nós se possa encontrar a si mesmo e aos que mais quer no fim do caminho! Boa sorte.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Continuando...

Antes deste, contudo, vi um outro digno de algum comentário. "No Country for Old Men" é um filme, como eu hei-de dizer, no mínimo peculiar. Outro momento estranho proporcionado pelos sempre surpreendentes irmãos Cohen, este conta com a participação de Josh Brolin no papel dum caçador que descobre uma quantidade incrível de corpos e de cocaína perto de Rio Grande, que passa o filme a fugir do assassino/lunático Anton Chigurh, interpretado por Javier Bardem. Ora bem. O filme ocorre em silêncio, salvo as partes em que ouvimos os disparos daquela arma fantástica que tiraria o sono a qualquer CSI. Não quero dar muito mais do filme, mas devo dizer, aliás confessar, que não é um dos meus preferidos. Não por ser lento, mas porque achei que faltava um climax mais poderoso. Agora, o desempenho off the roof do Senhor Javier merece ser visto em todo o mundo. Começando pelo cabelo, passando pelo olhar, e acabando na postura de poucas palavras, este é todo um personagem, simultaneamente cómico e spooky!!
Falando já de séries, QUANDO É QUE ME DEIXAM VER OUTRA VEZ OS MEUS HEROES???buáaaaaaaaaa! estou a começar a sentir a minha mente a retorcer-se, sentindo a falta daquela inocência do meu querido Hiro Nakamura lutando contra o fim do mundo... No entanto, tinha guardado os últimos episódios de Anatomia de Grey para estes tempos e fiz bem! Esta temporada está recheada de momentos cómicos e excitantes, cheios de aventura e novidades. O drama amoroso persiste, mas deixando-nos sempre com o sentimento de não sabermos bem o que raio vai acontecer àqueles dois! Mas esta é, sem dúvida, a que mais me faz lembrar a minha realidade. Não, não estou a estudar medicina, não ando com o cirurgião, mas tenho um grupo de amigas tão maradas como eu, com quem me divirto sempre a dançar e a cantar feitas malucas, e o episódio 10 desta temporada é uma ode ao meu mundo! Pois é meninas, mesmo vocês, que estão noutro país longe de mim, sempre que estou em casa feita doida a descarregar com a música nas alturas, vocês estão comigo a ajudar-me a ultrapassar esse momento difícil! Obrigada;P



Ai, que mariquices!!!!

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Never too busy to see a movie, or two, or three......



Pois é! É triste, mas por muito que tenha de fazer, por muito atarefada que esteja, há sempre tempo para uma serizinha ou pa um filminho! I confess, I´m an addict, but I still won't go to rehab, no, no, no!!hehe

Vamos lá tentar começar a falar de alguns que valeram a pena ou não, passando até pelos meus momentos de verdadeiro desespero com esta greve de guionistas que parece ser infindável.

Ora bem, um destes dias pegámos nas tralhinhas e lá rumámos ao Arrábida Shopping, onde estão AS MELHORES PIPOCAS, do norte, pelo menos. Depois de muita indecisão, de muito me tentar lembrar das apresentações, das críticas, deixei o Comboio das 3.10 para uma outra altura e escolhi ir ver O Assassínio de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford. Já sei que muitos de vós de certeza que conhecem, mas mesmo assim tenho de fazer as devidas apresentações. O filme conta com as actuações brilhantes de Brad Pitt no papel de Jesse James, e de Casey Affleck no papel do covarde Robert Ford, num conjunto fantástico realizado por Andrew Dominik. O filme é longo, infelizmente, o que pode ter sido a única coisa que acabou por roubar um pouco o mérito ao filme. A história do assaltante mais aclamado dos EUA, Jesse James, chega-nos pela mão de Brad Pitt, o qual prova mais uma vez o seu talento. Um desempenho forte, encarnando um personagem assustador mas atraente ao mesmo tempo, vale sempre a pena ir vê-lo ao cinema. Quanto a Casey Affleck, tenho a dizer que foi um dos melhores desempenhos que já vi! No meio dum filme repleto de imagens e paisagens fantásticas, estes dois personagens complementam-se no ecrã e Affleck tem a oportunidade de brilhar.
"Last year, many critics were stating Brad Pitt gave his best performance ever in Babel however, his Jesse James is the best performance of his career by a mile. Pitt wears Jesse like an overgrown coat that you don't want to get rid of. Pitt gives the most tortured, endearing, and frightening performance of the year thus far. He makes the audience so uncomfortable and awkward yet gives off sensitivity and compassion for a very unlikable and ferocious man. Casey Affleck gives the most pathetic, annoying and cowardly performance in the last ten years; and its brilliant. With his deep "admiration" for Jesse, his Robert Ford is engulfed in Jesse's presence and wants enjoy the moments with him, even if he is in fear of him." in IMDB.

Mas vejam lá se não foram bem escolhidos! Depois de alguma perquisa encontri estas fantásticas fotos:

Os dois em pose com a arma que matou Jesse James.






Estão bem parecidinhos!





terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Atarefada


Eu sei, eu sei....Estou a descuidar-te bloguezinho, não é? pronto, desculpa, mas não tenho parado!Agora que finalmente seria de esperar poder andar a descansar, sem fazer nada, não!Logo depois do fim das aulas meti-me no curso de formação para organização de eventos, que, tenho a dizer, valeu mesmo muito, muito a pena!Recorrem todos os pontos importantes, e para quem não percebia nada dos formalismos que esse tipo de coisas envolve, valeu a pena. Pelo que, se quiseres saber mais é só mandar mail a perguntar!
Entretanto, a pergunta do costume, e o estágio? Bem, tenho a dizer que sou uma lutadora incessante. Estamos a meio de Fevereiro e Paula continua a tentar ir para uma empresa!hehe para dizer a verdade, já estou um pouco cansada, sempre à espera que digam que sim...Pelo que decidi que, se amanhã (porque amanhã tenho uma entrevista mas não quero estar a dar muita importância!) não me quiserem, vou fazer tradução literária de peças para teatro para Inglês! De qualquer das formas estou muito entusiasmada, porque tudo o que quero é ter a minha vida resolvida!
Além disso, uma das empresas que contactei contratou-me para fazer um trabalho de transcrição. Não é um trabalho super hiper interessante mas é trabalhoso e exigente, pois tenho de dedicar toda a minha atenção para estes ficheiros de som! É bom para o currículo e para a carteira, pelo que, também é algo a aconselhar!
É assim a vidinha, sempre a correr, mas de agora em diante passarei a não deixar pelo menos, nem uma semana em branco!
beijinhos e até à próxima*

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Ainda a vasculhar no baú...


Pois é, último dia de aulas, de trabalhos, de exames, de apresentações, de tudo...Está na hora de fazer o balanço, e não me apetece, não quero, não para já. Por isso resolvi vasculhar nas gavetas desta minha maquineta e andar à procura daquilo que fiz nests últimos quatro anos, e foi curioso, consegui vislumbrar por aquilo que escrevi, o ano em que estava, as aulas que tinha nesse momento. Pelo que me atrevo a dizer que sim, pelo menos nem tudo passou em branco, nem tudo passou a correr, algumas coisam foram ficando, senão, ora vejam lá o meu uso das aulas de HIPS??:)





No que respeita a actualidade das sociedades modernas e o estado de coisas que hoje temos de suportar, um em que os poderosos triunfam no crime assim como os desapossados na guerra, a única reacção possível a ter é a de uma profunda desilusão. O que diria Rousseau ao ver-nos mergulhados na decadência e na dependência de leis e governadores inúteis que tanto abominava? A linha evolutiva da História privilegiou, o pouco que pôde, a Europa. Embora seja o velho mundo, é ainda o culto e educado velho mundo. Contudo, o resultado da nossa colonização ao longo dos séculos revelou-se desastroso. Enviámos os nossos piores espécimes para a tarefa de descobrir o outro lado do oceano; aqueles que semeámos através da “usurpação de indígenas” nasceram já com o ódio por nós nas suas entranhas. Como se não bastasse, numa era em que os genes da violência já não conseguíamos controlar, decidimos atacar os árabes, em nome da sua (divirto-me imenso sempre que penso nisto) “libertação”, esse ninho de vespas, ou melhor, essa bomba prestes a explodir! Mesmo reconhecendo nas gerações seguintes a mesma grande falta de moral, não somos nunca capazes de a extinguir: essa incapacidade de ver mais à frente. As dimensões desmesuradas do despotismo pré-moderno é de nossa inteira responsabilidade, e este nós já não é só relativo a europeus, mas também engloba americanos, com quem, infelizmente, nos fundimos de uma forma apressada e meio confusa. Pois por muito que nos rebelemos e revoltemos dentro desta eterna rede de pesca emaranhada, estamos, sem sombra de dúvida, ligados a eles como a um lado obscuro da alma que não queremos reconhecer. Persistimos em nos queixarmos das suas acções, mas a crua realidade é que, em última análise, eles simplesmente fazem aquilo que nós (europeus, tão críticos, tão politicamente correctos) não teríamos coragem de fazer. Os séculos de civilização que já ultrapassámos de nada nos servem, continuamos a reagir através do instinto, sem pensar em consequências ou temas como o futuro longínquo, respondendo a vozes ridículas e, desconfio, já um pouco senis, simplesmente passando a pasta. E o que é mais fantástico é que ainda somos capazes de nos admirar com a reacção duma sociedade “maioritariamente bombista” a uma caricatura do seu líder supremo. Aqui sinto-me tentada a contrapor o nosso deus, um já mais cansado, farto de cruzadas e de papo cheio, e imagino-o lá em cima a pensar, a interrogar-se: “Como raio é que eles chegaram a isto?? E como é que eu ainda acabo sempre do lado dos mais sinistros e dos mais hipócritas??” Pois se é verdade que os árabes são peritos na violência física, nós, os do oeste, superamo-nos na pior forma de violência: a dissimulada, usando e abusando dos princípios morais, que inventámos só para nos safarmos…

vasculhando no baú....

Só uma pequena reflexão, lembrando estes últimos anos deste amor persistente, resistente a ataques e guerras de ciúmes, animado por um constante contra-ataque!Esperemos que o fim esteja mesmo a chegar. Obrigada a todos os que se candidataram, porque, por muito que não acredite que alguma coisa vá mudar, pelos menos vemos caras novas...
Apreciem;P

sábado, 12 de janeiro de 2008

Grandes momentos....


O chá!

Chega o frio do Inverno e parece que não há maneira de aquecer os pés, de aquecer as mãos, até que abro aquela gaveta especial ou o armário e lá estão elas, as pequenitas saquinhas de chá, aquelas ervas tão cheirosas, e parece que tudo o que estava antes mal, está prestes a melhorar. Há quem diga que a juda a relaxar, a acordar, e até a pensar melhor. A mim aquece-me os pés, o que já é bom para começar:)

Here's to everyone that has shared a cup with me...


A história do chá começou com um conto chinês datado de 2.737 a.C.. De acordo com a lenda, o imperador Shen Nung estava a descansar debaixo de uma árvore, quando algumas folhas caíram na vasilha de água quente, exalando um aroma que atraiu o imperador. Nung tratou de provar o líquido e adorou, nascendo assim, o chá.
Se a história é verdadeira, não se pode saber, porém, ela dá um tom romântico à origem da bebida consumida mundialmente. O primeiro registro escrito sobre o chá foi feito no século II a.C. O tratado de Lu Yu, escrito durante a dinastia Tang, da China, deu ao país o papel de responsável pela introdução do chá no mundo.
O chá expandiu-se assim mundialmente, chegando ao Japão no início do século XII, introduzindo por monges que trouxeram da China algumas sementes. A evolução do consumo nesses dois países foi rápida, atingindo os meios artísticos, poéticos, filosóficos e religiosos. No Japão, por exemplo, o chá é protagonista de um cerimonial complexo e de grande significado artístico e cultural, conhecido como Chado.
Continuando com a expansão, a bebida chegou ao continente europeu no início do século XVII, devido ao comércio entre a Europa e o Oriente. O consumo do chá difundiu-se rapidamente na Inglaterra, tornando-se uma bebida muito popular. Esta popularidade estendeu-se aos países com forte influência inglesa, primeiramente nos Estados Unidos e depois, na Austrália e Canadá. Hoje, o chá é uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo.


quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Coisas de comida


Porque não só a alma se alimenta, mas o corpo também, aqui ficam algumas sugestões para agradar o paladar.
Para quem se movimentar aqui pelo Minho, seguramente já é conhecedor de que não faltam bons restaurantes, pelo que comentarei alguns dos que mais me agradaram.
No Porto, mais precisamente em Leça, temos o fantástico D. Juan, restaurante selectivo com vista para o mar. Com um menú à base de pratos espanhóis, desde o presunto e setas grelhadas à maravilhosa paella valenciana, jantar aqui é toda uma experiência, de diversão e elegância, já que podemos sempre esperar o melhor dos funcionários, educação e disposição, acompanhadas pela saborosa sangria de champanhe ou licor da casa. Claro que tal serviço não se deixa ficar por menos, e digo apenas que tabela de preços não é a mais generosa.
Já em Braga, cidade dos padres mas também de muitas outras coisas, visitei recentemente o restaurante De Bouro, bem pertinho da Sé. Restaurante discreto e marcado pela brancura e decoração minimalista, este é o lugar ideal para quem procura pratos da cozinha tradicional portuguesa, com um ligeiro toque personalizado. Do bacalhau com gambas ao medalhão com molho de natas e pimenta, neste menú constituído por pratos fixos, as receitas são requintadas e até mesmo as sobremesas caseiras fazem o gosto à língua. Se é guloso mas não vive no luxo, pode aqui disfrutar de um jantar calmo e saboroso, sem ter que vir para casa com a bolsa muito mais leve.
Se já conherem algum dos dois ou tiverem algum a acrescentar, não hesitem em dar à língua:P

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A força do tango

Gotan Project, um dos meus grupos favoritos, formou-se em 1999, editando o seu primeiro álbum em 2001, La Revancha del Tango. A esse seguiram-se Inspiración-Espiración, Lunático e El Norte, nos quais o trio parisiense Eduardo Makaroff, Philippe Cohen Solal e Christoph H. Müller se juntam com outros músicos e vozes brilhantes, tais como Gustavo Beytelmann ou Nini Flores ou Cristina Villalonga. Conhecidos pela arte de misturar tango com electrónica, conquistaram o público com este som tão particular, e brilharam nos palcos de todo o mundo, desde a Argentina ao Japão. Em 2006 brindaram-nos com actuações nos coliseus do nosso belo país e, devo dizer, ao vivo conseguem transmitir a mesma força desse género musical tão característico, surpreendo-nos ainda mais com misturas inesperadas.
Para quem quiser relembrar ou para aqueles que ainda não conhecem, aqui fica um pouco de outras coisas de línguas fascinantes que rodeiam a nossa...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Um pouco de cinema...daquilo que não devem ver


Esta não vai ser uma mensagem longa, apenas um aviso, um conselho aos meu amigos leitores. A publicidade tem destas coisas, e o exagero do cinema americano já começa a cansar!

Conhecem o grande filme do ano, que já chegou em 2007? Eu Sou a LENDA??Bem, que é uma lenda até podia ser, mas é mas é longaaaaaaaaaaaaa. Este é daqueles filmes em que não vale mesmo a pena ir vê-lo ao cinema, nem mesmo quando se ganha o bilhete de borla, porque para dormir, mais vale em casa.

É lento, quase sem acção, quatro personagens, das quais uma é um cão, e os diálogos também não abundam. Basicamente, resume-se a um argumento fraco e repetitivo, sobre o fim da Humanidade e da sua cura fantástica por um indivíduo muito altruísta. Enfim, se puderem, dispensem, e poupem os euros para um bom lanche, porque este, nem pelas pipocas.

el parque


Intentaré dejar aquí, en este sitio frío y tan diferente a mí, algo que me ayude a acercarme a algo que me acuerde de lo que era antes, y de lo que siempre quise ser.
Escribiré lo que me venga a la mente, escribiré sobre el mundo que, en ciertos momentos veo tan claro , y que en la mayoría de las veces se aleja tanto de mi realidad.
Por eso hoy escribo sobre cuando aún no tenía ni idea de lo que era, y aún así era más segura de lo que soy hoy en día. Me acordé mucho esta semana de mi infancia. Me acordé de mi colegio, de mis compañeros, de mi profesora. Me acordé de los largos paseos por el parque, de cuando jugaba con los niños, del tiempo pasado en la huerta, durante el cual fingíamos plantar algo que no teníamos idea de lo que sería. Me acuerdo de cómo éramos felices en esos días, porque, claro, solo me acuerdo de los días tan claros que había en la Primavera y en Verano. Porque solamente me acuerdo de la luz tan clara que rompía por los árboles y nos cegaba por momentos y luego nos devolvía a la maravilla de aquel parque encantado. Porque me acuerdo de las fantasías que desarrollaba en mis sueños, de que había una bruja en la torre (que de hecho existía, la torre, eso no lo inventé) y por eso teníamos siempre que pasar corriendo para que no nos cogiera la bruja malvada. Me acuerdo del parque infantil donde teníamos arena y allí inventábamos toda una playa, y un mar nuestro, donde navegábamos por las tardes, antes de la siesta. La arena me llenaba los zapatos y me acordaba de que en breve llegaría a casa y mi mamá diría lo mismo de siempre: cómo puedes llegar a casa siempre tan sucia? y yo pensaba ¿y porqué no? ¡Si esa es mi función, mi deber! Era una niña y me encantaba serlo, porque ya tenía la percepción de que era algo fantástico; de que por el hecho de ser niña, me dejaban hacer un montón de cosas que a nadie más le dejaban. Me encantaba salir por las mañanas, en el coche con mi madre y otras tantas profesoras y llegar al colegio en gloria : otro día lejos de mi pequeño piso, otro día más en que el desconocido me esperaba. ¡Ah! ¡Era una gloria embarcar en todo ese planeta que era mi colegio! Porque, obviamente, solo me acuerdo de los días relucientes de verano, en que la brisa de la mañana te despierta y el calor de la tarde te atrapa y te confunde la mirada, todo se funde en un paisaje que no consigues distinguir. Y por fin, vislumbras tus colegas, tus amigas favoritas, la amiguita de la siesta, todos juntos, preparados para el bus que nos llevaba a otro lugar aún más encantado: llegaba el verano y con él, el bus a la playa!! Podríamos aún estar cansados y medios dormidos pero aquel aire a mar, aquel brillo que solo el agua te puede dar, compensaba perderte los dibujos animados de la noche anterior. Y en el momento en que ponías los pies en la arena, en la verdadera arena, ahí conquistabas tu libertad. Las profesoras gritaban llamándonos, corrían a buscarte al mar, “ !cuidado con las olas! ¿Ah que quieres quedarte ahí? ¡(Que) se lo voy a decir a tu madre!”. ¿ Y qué más daba? Le daba una patada y hacía otra investida. Y este era mi día. ¿ Genial no?
Porque claro, cuando eres niño, no hay días de lluvia que te recuerdes después. No, cuando eres niño todo tiene otro brillo, otro color, otro olor. Y por eso me quedé con ese brillo en mi memoria, con esa luz tan fuerte que me calienta los pies fríos en los días gris, y me hace recordar de que hay otros planetas por descubrir.